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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A NOITE DA VERDADE

A NOITE DA VERDADE
(Peça em 1 ato)

PERSONAGENS

PAULO, o pai
ETEL, a mãe
MARCOS, o filho


CENÁRIO- Uma sala de residência.
INDUMENTÁRIAS- Comuns, da época atual.
ACESSÓRIOS- Uma Bíblia, óculos, algodão, e mercúrio para um curativo.

No início da peça, Paulo está em cena sentado, lendo a sua Bíblia e fazendo algumas anotações . Em seguida, entra Etel.

ETEL- Vou servir o jantar daqui a pouco, Paulo.
PAULO- Está bem, estou quase terminando este esboço.
ETEL- Você irá pregar amanhã, à noite?
PAULO- Não, pela manhã, no programa especial para o Dia dos Pais.

(Etel parece entristecer-se e anda de um lado para outro. Paulo percebe seu nervosismo, levanta-se e, em boca de cena, passa o braço ao redor dos ombros da esposa.)

PAULO- E então, Etel, o que há?
ETEL- Penso o quanto deve ser difícil, para você falar aos pais de nossa igreja tendo um filho tão...problemático.
PAULO- Você tem razão. Só mesmo pela infinita misericórdia de Deus.
ETEL- Marcos me preocupa, saindo com aquela sua turma onde não há um só rapaz ajuizado.
MARCOS, entrando- Aposto que estão falando a meu respeito.
PAULO- Você sabe que temos razões de sobra para ficarmos preocupados com você.
MARCOS, rindo- Ora, meu pai, é que hoje em dia já não fazemos programas tão ingênuos quanto os de sua época !
PAULO- E o que fazem então? Fumar, beber, depredar tudo como verdadeiros vândalos? Diga-me, Marcos, o que fez de seus estudos?
MARCOS- Mamãe ainda não lhe disse? Tranquei a matricula.
PAULO- E por quê?
MARCOS, sem jeito- Porque...sei lá, acho que ainda não estou bem certo se a medicina é mesmo uma boa carreira.
PAULO- E o que vai fazer de sua vida?
MARCOS- Aproveitá-la, meu pai, da melhor maneira possível.
ETEL- Bem, eu vou cuidar do jantar. (Sai)
MARCOS- Eu já estou de saída. O pessoal está à minha espera.
PAULO- Você irá à igreja amanhã, Marcos?
MARCOS, reprimindo o riso- Igreja!...Bem...pode ser, se eu não estiver com muito sono.
PAULO- Cuidado filho. Os caminhos que a juventude escolhe nem sempre são os melhores.
MARCOS, revoltado- Cuidado, cuidado! O senhor pensa que ainda sou um menino, pai? Sou um homem! Quer saber mais? Cuide de sua vida pacata de pregador de igreja e eu cuido da minha, entendeu? (Sai)
PAULO, sentando-se muito triste- “Meu Deus, que situação difícil! Eu o entrego em tuas mãos, Senhor. Que o meu filho possa abrir os olhos para a verdade. Amém.” (Apagam-se as luzes e Paulo sai)
NARRAÇÃO- E Marcos foi juntar-se àqueles que considerava seus melhores amigos – os piores rapazes do bairro. Esquecido da família e da existência de Deus, divertia-se à larga, sem dar importância a mais nada que não fosse aquela noite que parecia feita para a festa e a alegria.

Ainda com as luzes apagadas: música especial. Em seguida, Marcos entra pela porta que dá para a rua, com o rosto parecendo ferido.

MARCOS, gritando- Meu pai! Por favor, papai, preciso falar-lhe! (Acendem-se as luzes e Paulo entra pela porta dos fundos, trazendo os óculos e a Bíblia na mão)
PAULO- O que foi, Marcos? Mas o que aconteceu com o seu rosto?
MARCOS, tocando o rosto ferido- Creio que estou machucado. (Nervoso) Puxa pai, foi horrível!
ETEL, entrando- O que houve, filho? (Assusta-se) Mas você está ferido!...
MARCOS- Não se preocupe, mãe. Eu...acho que mereci o que aconteceu.
PAULO, abraçando o filho- E o que aconteceu, Marcos?
MARCOS- O senhor tinha razão, como sempre ; tinha razão. Foi o seguinte: estávamos todos bebendo no bar e , de repente, começou uma confusão boba. Lúcio então resolveu sair quebrando tudo, copos, garrafas..., como louco. Creio que na confusão feriu gravemente o dono do bar. Alguém chamou a polícia e...
PAULO- ... E você conseguiu escapar, não foi?
ETEL- E como provar agora que não teve culpa?
MARCOS- Todos viram que foi o Lúcio quem começou tudo...
PAULO- Mas você estava junto e poderá ser incriminado também, não acha?
MARCOS, meio amedrontado- Não poderão provar nada contra mim.
ETEL- Eu vou buscar algo para fazer um curativo. (Sai)
PAULO- Meu filho, um homem é reconhecido pelo que faz e pelas companhias com quem anda. Diante da lei, você terá de provar que está inocente e eu não poderei fazer nada.
MARCOS, andando nervosamente de um lado para outro, como acuado- Mas você é um homem muito respeitado. É um médico, pai!
PAULO- Ainda esta noite você não considerava tão importante ser um médico...
MARCOS- Eu estava errado, pai. O senhor me perdoa?
PAULO- É claro, Marcos. Mas ainda assim terá de prestar contas com a justiça, se andou agindo errado.
MARCOS- Estive errado andando em companhia deles. Agora sei quem realmente são.
PAULO- Acha que os rapazes da igreja, que você considerava tão piegas, agiriam assim?
MARCOS- Não, sei que não. Eu... irei à igreja amanhã. Poderei pedir a minha reconciliação?
PAULO- Amanhã não teremos uma programação especial na igreja.
ETEL, entrando com o material do curativo- Amanhã é Dia dos Pais, Marcos.
MARCOS- Dia dos Pais? Puxa, eu tinha esquecido.
PAULO- Não importa, você já deu o presente: a sua decisão de mudar de vida.
ETEL, limpando o rosto do filho- Lembra-se de quando foi líder da mocidade em nossa igreja, filho? Nunca esteve tão feliz como naquela época.
MARCOS, fazendo uma careta de dor- Cuidado, mãe, está doendo. Você acha que a mocidade me elegeria outra vez?
ETEL- Sei que ficarão alegres com a sua volta.
MARCOS, nova careta- Mãe, devagar, está doendo.
PAULO, rindo- Não reclame, Marcos. Você já não é mais menino, é um homem. Lembre-se!
MARCOS, depois de submeter-se ao curativo, abraça o pai- Tem razão, pai, eu sou um homem. (Cena em estático: Pai e filho abraçados, e Etel rindo, ao lado, olhando o curativo no rosto de Marcos)
NARRAÇÃO- E no domingo, na festa do Dia dos Pais, Paulo falou animadamente do imenso amor de Deus e de quanto Ele ouve as orações de todos os pais que entregam os filhos em suas santas mãos. (As três personagens movimentam-se e podem cantar uma música especial em homenagem aos pais).

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