A rua estava cheia de gente. Mas é claro! Uma mulher estava sendo arrastada pelos guardas e policiais e todos queriam ver o espetáculo. Era uma velhinha maltrapilha, isto é, esfarrapada, pobre, suja e descabelada. Os guardas queriam prende-la, mas ela berrava demais:
- Me larga! Saia daqui! Não vou outra vez para cadeia! Não gosto de lá!
Esperneava e dizia grandes palavrões, os mais baixos e feios. Pobre velhinha! Era puxada com tanta força! Estava toda machucada! Mas o povo gritava sem dó nenhuma: "Prende mesmo. Ela só dá trabalho. Bate na crianças, rouba coisas, desmancha o lixo da gente esparramando tudo no chão". Enquanto o povo berrava, passou por ali uma mocinha de coração muito bom. Ela era muito amiga de Jesus. Viu tudo aquilo, homens e mulheres falando mal da velhinha e pensou em fazer qualquer coisa que pudesse ajudar a pobrezinha. Mas o que?
Pensou: Poderia cantar uma música... Acho que não dá! Ninguém iria ouvir... E se eu falasse alguma coisa para ela? Mas os policiais não iam deixar e talvez também a velhinha não entenderia. O que vocês fariam? Têm alguma idéia? Não?
Pois Catarina, a mocinha bondosa, teve uma, e bem grande. Saiu correndo, e abriu caminho entre as pessoas e conseguiu, muita dificuldade, chegar até a velhinha. Os guardas ficaram assustados vendo uma moça tão linda, naquele lugar. Eles até deixaram de apertar com tanta força os braços da velhinha. Catarina, cheia de amor, no meio de tanta gente com ódio, conseguiu chegar até a pobrizinha. Então, pegou carinhosamente o rosto dela, e lhe deu um beijo. Que idéia não?
Pois foi só isso que Catarina pôde fazer e já sendo empurrada pela multidão furiosa, mas ouviu a voz da velhinha gritando:
- Quem me beijou? Quem me beijou?
E a velhinha gritava e chorava até que conseguiram colocá-la na prisão. Tudo foi ficando calmo, as pessoas foram saindo e comentando. O grande portão da cadeia, rangendo se fechou. Lá ficou a velhinha tão só, tão odiada por todos, mas por incrível que pareça, era querida por Catarina. Ela nunca havia visto aquela velhinha, mas o amor de Jesus que estava em seu coração, foi derramado para velhinha . Escureceu. Silêncio na cidade. Todos dormiam, menos a pobrizinha e a Catarina. Uma pensava na outra. A velhinha dizia:
- É tão estranho! Todos me odeiam, mas alguém me beijou. Quem será?
E Catarina:
-Vai ver a velhinha está machucada, com fome, com frio, sem ninguém.
Amanheceu o dia. Que vontade a Catarina teve de ir ao presídio, de tornar a ver a velhinha tão infeliz. Não conseguiu. Só pôde ir lá no dia seguinte.
...E no grande portão da cadeia:
- Eu gostaria de visitar uma senhora bem idosa, que foi presa anteontem. Será possível?
- Como se chama esta mulher?
-Não sei, disse Catarina.
-Então é impossivel. Você não sabe nem o nome dela. Não posso levar você a percorrer todo o presídio, procurando sua velhinha em todas as celas. Pode ir andando.
Catarina abaixou a cabeça triste, querendo chorar, seus olhos ternos e cheios de lágrimas mexeram com o coração do guarda. Ele pensou um pouco e perguntou:
- Será que você procura uma velha que entrou aqui berrando anteontem?
Cheia de esperança Catarina respondeu:
- Deve ser esta mesma.
-Então desista, mocinha, porque esta de quem eu estou falando está completamente louca. Durante toda noite e o dia também, ela não disse outra coisa a não ser: "Quem me beijou, quem me beijou"?
Catarina sorriu. Aquele beijo de amor mexeu no coração daquela mulher tão infeliz.
- O senhor poderia me levar até lá?
- O que? Mesmo eu contando tudo isso? Não tem medo?
- Não tenho, não. Pode ficar tranquilo. Há alguém que o senhor não vê que está cuidando de mim.
Quando o guarda abriu a porta da cela onde a pobrezinha estava, Catarina se assustou. Ela parecia estar louca mesmo! Estava assentada na cama, olhos parados, voz rouca, dizendo sem parar: "Quem me beijou? Quem me beijou"?
Catarina fez um sinal para o guarda. Ele fechou a porta da cela e ela ficou lá sozinha com a velhinha. Não fez ruido nenhum... Sentou-se a cama dela. Pediu a Deus que a ajudasse. Colocou levemente o braço em volta do pescoço dela. A velhinha olhou assustada e perguntou:
- Você sabe quem me beijou?
- Sei, sim. Eu bem sei.
A velhinha arregalou os olhos:
- É verdade? Quem foi?
- Fui eu, fui eu.
- Pra que?
A velhinha começou a chorar sem parar e, entre soluços falou:
- Minha mãe morreu quando eu tinha apenas quatro anos de idade.
Ela me beijou pela última vez. Desde então, fiquei sozinha. A primeira noite fiquei com medo de dormir na rua. Tudo me assustava. Havia cachorros e quando, num cantinho eu dormia, eles vinham e eu acordava. Não tinha nada para comer. Comecei a roubar. A fome era muito grande e o frio também. Hoje fiquei assim: desprezada, suja e sem vontade de prestar.
Olhou para longe, pensando em alguma coisa muito diferente e perguntou:
- Porque você veio me ver? Porque me beijou?
Houve silêncio.
- Porque eu amo a senhora com amor de de Jesus. Ele morreu numa cruz por sua causa.Apesar de todos os erros Jesus ama a senhora e perdoa.
Jesus entrou no coração da velhinha e ela se tornou a mais linda e simpática da cadeia. Deixou saudades quando saiu de lá. Não precisava dizer mais palavrão nem gritar. Nunca mais morou na rua, nunca mais ficou sozinha porque alguém cheia de amor a beijou.
Amiguinho, você já cantou uma canção de amor para alguém? Você ama a vovó? É bonzinho pra ela? Experimente dar um carinho para a pessoa idosa, ela vai ficar muito feliz e Jesus mais ainda.
Que Deus o abençõe.
Muito legal, as imagens dão vontade de ler a estória. Gostei, muito legal.
ResponderExcluirJuan, eu concordo, eu tbm amei, obrigado pela visita
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